No momento de impasse
em que decidíamos se saíamos ou não (pelo escuro que estavam lá fora), tudo
seria diferente se nos tivéssemos ficado pelo não e decidido cozinhar o arroz
com os vegetais enlatados.
Mas…apetecia-nos um
hambúrguer daquele sítio. Não pelo hambúrguer que nunca provámos, nem pelo
sítio que não prima pela beleza, conforto, diversidade ou o que quer que
pensemos que um espaço comercial possa fazer por primar.
Calçamos as sapatilhas, pusemos repelente, pegamos nas duas
lanternas e uma com a outra lá fomos em fila pelo carreiro. Uma à frente da
outra para que a segunda tivesse a certeza do lugar onde podia por os pés. Ouviam-se as cigarras, os jambés ao longe, o
barulho de um gerador perto da barraca onde se fazem trabalhos de carpintaria
que fica à frente da árvore debaixo da qual se fazem os tijolos de areia e mais
qualquer coisa que ainda não sei o que é.
Passou uma mota que voltou para trás para nos acompanhar no
caminho porque éramos novas ali e o caminho era escuro e ele tinha uma luz na
mota. Que bom que foi! E a conversa também. Tinha o senhor, Salu Baldé, que se
definia como comerciante de Bafatá, estado 6 anos em Portugal e até conhecia
leiria e um senhor chamado Jorge que estava com um negócio bem montado aqui na
região.
Deixa-nos o senhor na estrada onde algumas barracas já têm
luz, com o número de telefone para o caso de precisarmos de alguma mercadoria
do seu armazém. Metros à frente, junto ao pão romântico (isto é, o último pão do dia que para que se veja a qualidade que ainda
tem e se cumpra o destino da venda, está iluminado com velas semelhantes às que
em Fátima se põe a arder com intensões) pára-nos o Quintino dos moveis para
que lhe lembremos os nossos nomes e dizer que na segunda-feira nos vem trazer a
mesa que encomendámos na quinta.
Mais uns metros e chegámos ao sítio (restaurante, chamamos
nós!) dos hambúrgueres. Cumprimentamo-nos alegremente pela felicidade de nos
vermos… Nós, por termos conseguido chegar, eles pela surpresa de nos verem ou
de verem alguém (será?). Perguntámos:
- O que há para
comer?
- Naaadaaaa… naaadaaa… vêm estas palavras detrás do balcão
com a maior doçura e naturalidade.
- Não há nada para
comer?
- Não. (com um sorriso sincero na cara)
- Então... mas não
tem hambúrgueres?? (incrédulas)
- Não… hambúrgueres não há…
- O que há então?
(insistimos)
- Sandes de ovo.
- Ufa… São duas
sandes de ovo.
Vêm as sandes e perguntam-nos o que queremos beber: Pedimos
duas garrafas de 1,5l de água. O rapaz sai e volta com um saco que pousa em
cima da mesa. Tinha ido comprar a água ao sítio ao lado.
A conversa… essa prolongou-se por um bom par de horas e a
sandes de ovo com a água soube a brilhante pitéu. É que este é, até agora, o
melhor espaço aqui em Bafatá! Fomos as únicas clientes da noite. E naquele dia, ali, também era sábado.
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